Você lembra dessa imagem? Clique e saiba o resultado do julgamento dos policiais
14-08-2012 02:17
A reportagem que segue nos faz lembrar que “as aparências enganam”. As versões da imprensa também...
Imagens que flagraram um policial atirando à queima roupa na direção de um adolescente no Amazonas percorreu o mundo inteiro, causando revolta em que assistia ao vídeo. Confessamos que até hoje não sabíamos de um ‘detalhe’ neste caso: ao contrário do que foi amplamente disseminado, os tiros não atingiram o suspeito, e sim a parede. Ou seja, ao que parece a atitude do PM foi mais ou menos para “dar um susto” no moleque (o que apenas ‘ameniza’ a situação; não a justifica).
O fato é que o flagrante foi difundido como se os tiros tivessem acertado o adolescente. Na hora de fazer a defesa perante o juiz, os advogados provaram que os projeteis não machucaram o garoto, embora ele tenha sido atingido por estilhaços. Como se diz no meio policial: “só sabe quem estava lá”.
Antes que algum prezado leitor nosso interprete essa introdução como “apologia aos abusos policiais”, lá vamos nós: APARENTEMENTE achamos desnecessária tal atitude. E ficamos muito à vontade para tal afirmação, pois estamos numa noite fria no alto da Borborema, sentados numa sala aconchegante, transformando raciocínios em caracteres, dando uma pausa a cada dois minutos para um delicioso gole num chocolate quente.
Já o policial da foto pode ter tido um “surto psicótico” (causado pelas consequencias da falta/falha de pais, mães, professores, psicólogos, religiosos, psiquiatras, assistentes sociais e uma programação midiática que preste) e, cansado de apreender o mesmo menor a cada 15 dias (é o que se deduz da história), resolveu tentar, à sua maneira, fazer com que o garoto tome um rumo na vida. Aos colegas de árdua missão que nos lêem agora, NÃO FAÇAM ISSO! A ‘rebordosa’ não compensa.
A quem interessar, segue trecho de matéria do jornal cearense O Povo, sobre a situação dos PMs.
As páginas da editoria de Brasil, no O POVO de ontem, trouxeram duas notícias alarmantes. Primeiro, a absolvição dos primeiros acusados por uma das maiores covardias policiais já flagradas. Policiais do Amazonas aparecem em vídeo atirando na direção de um adolescente. O júri acatou a desculpa estapafúrdia de que os guardas dispararam contra a parede, e não contra o garoto. Mas as balas ricochetearam e o atingiram.
Realmente, o tiro bateu na parede, mas a intenção criminosa de intimidar o jovem era evidente, bem como o risco a que ele estava sendo exposto. Dos sete policiais flagrados no vídeo, dois já haviam sido inocentados na investigação preliminar e dois se livraram da denúncia agora. Os outros três aguardam julgamento e já foram à Justiça pedir a libertação, com base na sentença que isentou de culpa os já julgados.
O próprio juiz que comandou a sessão reconheceu que o fator mais determinante para a decisão foi o histórico do rapaz, suspeito de cometer crimes. Ora, se era assim, que fosse apreendido e devidamente acusado pelas eventuais infrações. Mas dar guarida a tal forma de justiçamento é inaceitável no Estado de direito.
Duas páginas adiante, O POVO mostrou que o Governo de São Paulo pretende pagar gratificação para os policiais que matarem menos. Trata-se de resposta à carnificina promovida por recentes operações. A finalidade tem até seu mérito, mas o método é bastante questionável.
A raiz do problema é a percepção da natureza da atividade policial. O aparato de segurança pública precisa ser o braço do poder público – no limite, da sociedade – para fazer cumprir as leis e garantir direitos. Eles são servidores da população e sua tarefa primordial deveria ser protegê-la. Mas são, pelo contrário, percebidos como repressores, quando não agressores. E a autoimagem também abraça esses traços. A crise da segurança não pode ser solucionada sem esse imprescindível deslocamento da função policial, do que ela é para o que ela precisa ser.
Fonte: ParaibaemQAP
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