Rocinha: Bope impõe silêncio após 22h e restrições a bailes funk; jovens apoiam

22-11-2011 20:13
Foto: Reprodução
 

Organizar um evento na Rocinha não será fácil como antes. Desde domingo (13), quando as forças de segurança ocuparam a comunidade, soldados do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) impuseram medidas que batem de frente com a informalidade e irregularidade da maioria dos bailes funk, pagodes e outras festas que agitavam os dias e noites dos cerca de 70 mil moradores da favela.

 

A “nova era” da Rocinha não proíbe nenhum tipo de confraternização, mas impõe limites, cobra documentação regularizada pela prefeitura e garantias de segurança, exigências que devem refletir no aumento do preço dos ingressos de bailes funk (até a semana passada, os bilhetes custavam entre R$ 5 e R$ 10). Apesar de mexer no bolso, a novidade ganhou apoio dos jovens.

Antes da ocupação, o estudante e adestrador de cães Leonardo Félix, de 23 anos, não se sentia seguro ao sair na comunidade. Por isso, optava quase sempre por curtir a noite na Lapa, região central do Rio. Com regras impostas e sem traficantes nos bailes, ele pretende voltar a se divertir mais perto de casa.

- Agora vai ter mais segurança e não teremos mais o risco de, de repente, acontecer um tiro, uma confusão grande. Eu vou ficar muito mais confiante e animado em ir às festas.

Durante reunião com moradores da Rocinha na quarta-feira (16), o comandante do Bope, coronel René Alonso, anunciou que as limitações não se restringem a eventos públicos. Os churrascos ou festas de família também precisarão entrar na linha. Fazer barulho após as 22h está proibido.

A decisão foi aprovada e comemorada pelo vendedor Alex de Oliveira e pelo estudante Danilo Bernardino, ambos de 23 anos. Eles perderam as contas de quantas noites passaram em claro por causa das intermináveis festas da vizinhança, como lembrou Alex.

Após UPP, aluguel nas favelas cariocas cresce mais do que em outras áreas...- Eu adoro sair, mas festa todo dia não dá. A gente tem que dormir e isso atrapalha. Tem gente que vive de renda e não precisa acordar cedo no dia seguinte. Festa tem que ser só nos fins de semana. E, se for durante a semana, que seja mais cedo. Tanto eu como ele [Danilo] já ficamos sem dormir muitas vezes.

Bailes funk x risco

Os bailes e festas ilegais sempre foram maioria na Rocinha, mas alguns locais já cumprem regras há muito tempo. O clube Emoções, localizado no início da estrada da Gávea, um dos principais acessos à comunidade, é famoso pelos grandes eventos.

Com alvará da prefeitura e estrutura que cumpre as exigências impostas pelo Bope, o local não sentiu os reflexos da mudança e, inclusive, organizou um megaevento para a noite de sexta (18), com MC Naldo e outros artistas.

De acordo com o dono do clube, Wagner Beta, somente para conseguir a liberação do Corpo de Bombeiros foram gastos R$ 28 mil. Em cada festa, ele tem de desembolsar mais R$ 1.200 para pagar os seguranças. Os ingressos variam entre R$ 10 e R$ 20.

- É justo que agora todo mundo precise disso. Porque eu pago muito caro para ter tudo certo e, enquanto isso, faziam festas aí que só davam lucro. Não gastavam nada e colocavam as pessoas em risco.

Com a pacificação, Wagner espera ainda que pessoas de fora da comunidade passem a frequentar o local.

- Pelo que sei e converso com amigos meus, nas outras comunidades pacificadas aconteceu assim. As pessoas de fora passaram a ir mais depois da chegada da polícia. Então, eu acho e espero que o mesmo ocorra aqui.

Fonte: R7

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