RJ: Líderes de greve na PM se entregam em quartel no Rio
10-02-2012 19:46Dois policiais militares que tiveram mandados de prisão expedidos pela Justiça do Rio de Janeiro se apresentaram no final da manhã desta sexta-feira no Quartel General da Polícia Militar, no centro da capital fluminense. O major Hélio Oliveira e o cabo João Carlos Gurgel estão entre os 11 policiais que tiveram prisão decretada por serem considerados líderes da paralisação das policias Militar e Civil e do Corpo de Bombeiros.
Os dois policiais chegaram na unidade acompanhados de outros oficiais ligados ao sindicato. Entre eles o inspetor da Polícia Civil Francisco Chao. "Quem foge e tem medo de polícia é bandido, nós somos policiais", disse ele ao entrar no prédio.
Walter Heil, do Sindicato da Coligação da Polícia Civil, disse que os colegas acompanharam os policiais em solidariedade. Ele afirmou que só aceitam prisão em caso de crime, que não seria o caso. Ao deixar o quartel, Chao não soube informar o motivo da detenção dos dois militares, mas confessou que já esperava a ação, que seria uma forma do governo do Estado pressionar pelo fim do movimento.
Os grevistas se dizem não só insatisfeitos com as propostas de reajuste apresentadas pelo governo, mas também com a falta de oportunidades de negociação. Segundo eles, tudo que foi apresentado até agora foi imposto e em nenhum momento o diálogo foi aberto.
Chao, que disse esperar por um desfecho o mais breve possível, garante que a prisão de líderes não afetará em nada o movimento. Ele afirma ainda que era de conhecimento da chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Martha Rocha, a vontade da classe de abrir uma negociação e "não chegar a esse ponto".
Ao ser questionado sobre a possibilidade da situação se agravar no Rio assim como ocorreu na Bahia, onde a greve desencadeou uma onda de violência, dobrando o número de homicídios, Chao foi categórico. Disse ter certeza que isso não vai acontecer já que "tudo está sendo feito da maneira mais ordeira possível". Ele afirmou que a unidade que trata de homicídios trabalha com 100% de seu efetivo e que o restante é que cumpre a determinação da greve, a de operar em 30%.
O grupo prometeu para o final da tarde de hoje a divulgação do primeiro balanço da greve. Está previsto para as 10h de domingo uma nova manifestação do movimento em Copacabana. Além de pedir pela abertura das negociações, os policiais querem a libertação do cabo do Corpo de Bombeiros Benevenuto Daciolo, preso após a divulgação de gravações em que negocia uma possível votação da PEC 300, a emenda constitucional que garantiria um piso salarial único para bombeiros e policiais de todo o Brasil.
A greve no Rio
Policiais civis, militares e bombeiros do Rio de Janeiro confirmaram, no dia 9 de fevereiro, que entrariam em greve. A opção pela paralisação foi ratificada em assembleia na Cinelândia, no Centro, que reuniu pelo menos 2 mil pessoas.
A orientação do movimento é que apenas 30% dos policiais civis fiquem nas ruas durante a greve. Os militares foram orientados a permanecerem junto a suas famílias nos quartéis e não sair para nenhuma ocorrência, o que deve ficar a cargo do Exército e da Força Nacional, que já haviam definido preventivamente a cessão de 14,3 mil homens para atuarem no Rio em caso de greve.
Os bombeiros prometem uma espécie de operação padrão. Garantem que vão atender serviços essenciais à população, especialmente resgates que envolvam vidas em risco, além de incêndios e recolhimento de corpos. Os salva-vidas que trabalham nas praias devem trabalhar sem a farda, segundo o movimento grevista.
Policiais e bombeiros exigem piso salarial de R$ 3,5 mil. Atualmente, o salário base fica em torno de R$ 1,1 mil, fora as gratificações. O movimento grevista quer também a libertação do cabo bombeiro Benevenuto Daciolo, detido administrativamente na noite de quarta-feira e com prisão preventiva decretada, acusado de incitar atos violentos durante a greve de policiais na Bahia.
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