ES- Trabalho da Delegacia de Homicídio e Proteção à Mulher do Espírito Santo é destaque no Fantástico
30-09-2012 07:25
O titular da Delegacia de Homicídio e Proteção à Mulher (DHPM) do Espírito Santo, delegado Adroaldo Lopes, passou uma semana no olho do furacão. Desde o dia 21 de setembro, quando a dançarina Alini Gama, 21 anos, assassinada covardemente pelo caminhoneiro Deivid Correia da Silva, ele e sua equipe se debruçaram sobre provas técnicas e testemunhais e elucidaram o crime em menos de uma semana. Prenderam o assassino e os mandantes – os também dançarinos Juliermeson Bastos Vieira, 20, e Adayane Matis de Aguiar, 20, namorada do assassino.
Mas uma vez, o carioca Adroaldo Lopes, que está radicado no Espírito Santo há um bom tempo – desde que assumiu o cargo de delegado de Polícia Civil, aprovado em concurso público –, deu conta do recado.
O trabalho dele é reconhecido nacionalmente e neste domingo (30/09) será destaque no Fantástico, da Rede Globo, que enviou uma equipe a Vitória para acompanhar o desenrolar das investigações do assassinato da dançarina.
Na sexta-feira (28), após concluir o inquérito do assassinato da jovem dançarina e enviar o relatório à Justiça, o delegado Adroaldo Lopes atendeu ao Blog do Elimar Côrtes, onde falou sobre a fama negativa do Espírito Santo de liderar o ranking nacional de violência contra mulheres – o Estado registra taxa de 9,6 homicídios de mulheres para cada 100 mil habitantes, segundo o Mapa da Violência 2012 do Ministério da Justiça:
“Quando eu morava no Rio, sempre ouvia dizer que no Espírito Santo a coisa era resolvida na bala. O que temos a fazer é mudar esta cultura...Enfim, temos um Governo que pensa dessa forma”, disse o delegado Adroaldo Lopes.
Desde que a Delegacia de Homicídios e Proteção à Mulher foi instalada, em 3 de setembro de 2010, 204 inquéritos relativos a assassinatos praticados contra mulheres foram abertos. Deste total, 138 já foram esclarecido pela equipe do delegado Adroaldo Lopes e encaminhados à Justiça.
Blog do Elimar Côrtes – Durante dois anos de atuação, o trabalho da DHPM já evitou que mulheres fossem assassinadas?
Adroaldo Lopes – Na verdade a DHPM apura crime de homicídio consumado. É lógico que com a prisão de vários homicidas que já fizemos, com certeza já evitamos que tenham cometidos outros crimes de homicídio, inclusive contra mulheres.
– Pela sua experiência como delegado de Polícia, a que podemos atribuir esse grande número de crimes contra a mulher em nosso Estado?
– Na verdade, o nosso Estado possui um histórico negativo de crime de homicídios. Quando eu morava no Rio, sempre ouvia dizer que no Espírito Santo a coisa era resolvida na bala. O que temos a fazer é mudar esta cultura. Isso se faz com políticas de Governo. Sempre se falou em segurança pública como problema de Polícia. Não é verdade, segurança pública é politica de Governo. Enfim, temos um Governo que pensa dessa forma. Pena que os frutos da atual política talvez não sejam colhidos pelo atual Governo.
– O senhor acaba de elucidar um homicídio que, aparentemente, seria de difícil solução. O criminoso estava numa moto e de capacete. Foi o caso da morte da dançarina Alini. Como foi chegar ao assassino e às demais pessoas envolvidas no homicídio?
– Hoje o delegado que não usar a Inteligência está fadado a contar somente com a sorte. Sorte de uma informação pela denúncia anônima. Sorte pela informação de uma testemunha, etc. A investigação hoje tem que ser feita com o Serviço de Inteligência e para isso precisamos contar com os meios que nos são fornecidos. Infelizmente, nos dão uma carteira e um título de policial e falam: “Vai, investiga!”. Não é assim, precisamos de meio.
Imagina você se trabalhando como repórter teu chefe te fala: “Vai, faz essa reportagem”, mas não te dá meios (transporte, câmera, telefone...etc). É preciso flexibilizar às informações, não é mais possível dizer que ter acesso a uma conta telefônica ou ao reverso das chamadas seja quebra de sigilo.
Na minha opinião, esse tipo de informação tem que estar ao alcance da Polícia e sob controle do Poder Judiciário. Isso daria celeridade às investigações e maior produtividade. O problema é que os nossos políticos, aqueles que fazem às leis, não querem isso. Na verdade, eles têm medo de provar do próprio veneno.
– O senhor diria que esse um típico ato (assassinato da dançarina) de covardia?– Sim, com certeza. Quando um ser humano decide que para ele subir na vida tem que matar as pessoas que estão no seu caminho, Só Deus pode salvar.
– O senhor defende mudança no Código Penal Brasileiro como forma de se aumentar as penas para assassinos de mulheres? Ou para qualquer tipo de assassino? O que poderia, na sua avaliação, segurar um assassino condenado na cadeia? Seria acabar com a progressão de pena?– As nossas leis, de uma maneira geral, são boas. O que precisamos é diferenciar, DIREITO e DEVERES.
Se nossas penas fossem cumpridas, na impunidade não teria lugar. Hoje, infelizmente, entre fazer mais presídios e soltar os presos, a segunda opção é a escolhida.
Espero que não se pense assim com a saúde. Imagine se entre disponibilizar mais leitos, ou deixar o paciente morrer, resolverem escolher a segunda.
– O assassinato da dançarina Alini virou tema nacional.– Esse crime (dançarina) foi tão horrível, do ponto de vista ético e moral com relação à motivação, que causou uma comoção nacional. Foi divulgado em vários jornais de alcance nacional. A ponto da Rede Globo deslocar uma equipe ao Estado para fazer uma reportagem para o Fantástico.
Fonte: elimar côrtes
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