O sargento reformado Geraldo Rosa da Conceição, 57 anos, foi executado por volta das 18 horas de ontem, em uma distribuidora de bebidas da família, em Ataíde, Vila Velha. De acordo com o relato de testemunhas à polícia, o sargento foi surpreendido por dois homens em uma moto Hornet 600cc, quando chegava ao local. Ainda de acordo com os relatos, os bandidos chegaram, desceram do veículo e anunciaram um assalto. Ao mesmo tempo, começaram a revistar Geraldo e teriam tomado uma arma dele.

Os atiradores levaram o sargento para dentro do comércio e o mataram. A filha dele, Elaine Beiriz da Conceição, 31, dona do estabelecimento, disse que escapou porque não estava no local na hora do crime. Ela havia saído para fazer trabalho bancário e buscar os filhos na escola.

Durante a ação, os dois bandidos começaram a disparar contra o sargento, que foi atingido por 10 tiros. Além de matar o militar da reserva, os criminosos teriam levado algum dinheiro que estava no caixa, mas a quantia não foi revelada pela família. Na fuga, os motociclistas atropelaram uma senhora, que não teve o nome divulgado pela polícia. Ela foi encaminhada para um hospital do município.

Dívida

Apesar da polícia acreditar em assalto, a família de Geraldo diz que foi crime de mando, por conta de uma dívida envolvendo um terreno, vendido por um primo do sargento. O imóvel não foi pago, e a cobrança do pagamento estaria gerando “desconforto” com pessoas envolvidas no caso.

“Há cerca de 15 dias, meu pai começou a receber ameaças por telefone, e o coronel Ferreira (coronel da reserva Walter Gomes Ferreira), ofereceu a ele R$ 100 mil para não se envolver”, disse Elaine.

Família coloca culpa do crime em coronel Ferreira

Elaine Beiriz da Conceição, filha de Geraldo Rosa da Conceição, disse que todos têm certeza de onde partiu a ordem de matar o pai dela. “Se não foi a mando do coronel, ele sabe quem mandou”. O coronel é acusado pelo Ministério Público Estadual de ser o braço armado do crime organizado no Estado.

Segundo Elaine, um primo do sargento teria vendido um lote para algumas pessoas ligadas ao coronel e, ao cobrar o pagamento do valor referente ao imóvel, os compradores teriam se incomodado.

“Tenho certeza de que o próximo da lista vai ser o meu primo. Há 15 dias, meu pai vinha recebendo ameaças por telefone de várias pessoas diferentes. É só procurar que vão achar os assassinos”, afirmou.

O outro lado

Advogado: “Denúncia não procede”

Jorge Florentino, advogado do coronel Walter Ferreira, acusado pela família da vítima, disse desconhecer qualquer envolvimento do seu cliente com compra de imóveis na Grande Vitória. Ele afirmou que Ferreira está morando em um pequeno sítio de sua propriedade, que é o único bem que ainda lhe resta.

Florentino disse ainda que o seu cliente não teria motivo para mandar matar o policial reformado, uma vez que não tinha contato com ele ou qualquer relação comercial com a vítima. “Essas acusações da família do sargento são sem sentido. Não entendo o objetivo delas”, afirmou.

Quem era o PM

Polícia Militar
Geraldo tinha 57 anos, era casado e deixou cinco filhos. Ele era sargento reformado da Polícia Militar, onde atuou por 34 anos.

Prefeitura
Trabalhou ainda como coordenador de abordagem de rua durante nove anos nas gestões dos prefeitos Max Filho e Neucimar Fraga. Deixou o serviço em janeiro deste ano.

Líder comunitário
Geraldo atuou ainda como líder comunitário, no bairro Zumbi dos Palmares.

Política
Geraldo foi também candidato a vereador no município de Vila Velha, em 2004 e 2008, ficando como suplente nas duas vezes.

 

Fonte: A Gazeta