ES- Polícia prende dois suspeitos da morte de rapaz em assalto na Prainha
12-03-2012 07:14
O representante comercial Renato Brahim Guerra, 29 anos, morreu na noite do último sábado, após ter sido baleado no abdome durante um assalto em frente de casa na Prainha, em Vila Velha. Os suspeitos, o pintor Nelson Dannemann Gomes, 27 anos, o Nelsinho, e o cozinheiro Diego Arthur Mendes, 20, foram presos por outros crimes por policiais militares na manhã deste domingo em Vitória.
As primeiras acusações eram de receptação de veículo e porte ilegal de arma. Eles teriam sido flagrados com um carro roubado e com uma arma de fogo. Os policiais militares levaram Nelsinho e Diego para o Departamento de Polícia Judiciária (DPJ) de Vitória, onde foram identificados como suspeitos da morte de Renato.
Segundo o delegado Adroaldo Lopes, de plantão na Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e que deu início às investigações, testemunhas reconheceram Nelsinho e Diego. De acordo com o depoimento dessas testemunhas, os dois renderam Renato na entrada da casa, mas o representante teria reagido ao assalto, quando Nelsinho atirou.
A bala entrou no abdome e saiu na perna de Renato. Ele foi socorrido por vizinhos e parentes e levado para um hospital particular de Vila Velha, onde foi submetido a uma cirurgia. Mas por volta das 22h20 de sábado, o rapaz morreu.
Na tarde do último domingo, o delegado Adroaldo Lopes pediu a prisão temporária dos dois suspeitos pelo crime de latrocínio (assalto seguido de morte), mas a juíza de plantão apenas concedeu a prisão por receptação e porte ilegal de arma. A partir de agora, as investigações serão conduzidas pelo titular da Delegacia de Crimes contra a Vida de Vila Velha, delegado José Lopes. Tanto Nelsinho, quanto Diego, negaram todos os crimes.
Enterro
Parentes e amigos compareceram ao enterro do rapaz na tarde deste domingo no cemitério Parque da Paz, em Ponta da Fruta. Muito abalado com a morte do sobrinho, o tio Júlio César Brahim, já com os olhos fundos, disse que apesar da tragédia pela qual a família passou, não pretende sair do Espírito Santo de maneira alguma.
Em tom de indignação, ele diz que infelizmente os moradores do Espírito Santo são obrigados a conviver com a violência. "Hoje foi ele. Agora, gostaria de saber o que vai acontecer quando o assassinado for o filho de um desembargador, de um juiz, de um político, o que eles iriam fazer? Apelar aos direitos humanos ou aos deveres humanos. Nessa hora não adianta reclamar muito", disse.
Júlio César diz que o rapaz tinha uma série de planos para o futuro. "Um menino maravilhoso, de apenas 29 anos, mas com uma mentalidade de criança. Quantos planos ele tinha na vida. O último era comprar o apartamento próprio. Ele conversava muito sobre isso com os pais, infelizmente, essa fatalidade acabou com tudo", disse.
Trabalhando na Suzano Papéis e Celulose como representante comercial, Renato Brahim Guerra era formado em Administração de Empresas e gostaria de seguir no ramo. Segundo o tio, ele já trabalhava no grupo há seis anos. "Era muito querido por todos que lidavam com ele. Além de ser conhecido pelo povo de Vila Velha. Certamente não deixou inimigos", diz Júlio César.
Minutos antes do enterro, que aconteceu às 16 horas deste domingo (11), a preocupação do tio de Renato era com os pais do jovem. "Eles tiveram de ser medicados para comparecer ao enterro. O mais difícil é esse período da perda. Como eu posso dizer, é a dor que nós sentimos. É difícil, mas temos que respeitar a vontade de Deus", encerrou Júlio César.
Na faculdade, amizade marcou
Amigo de Renato Brahim dos tempos de faculdade, o administrador Ricardo Camargo, de 27 anos, diz que a postura amigável foi a que mais marcou no jovem representante comercial. "Era muito descontraído, feliz, de bem com a vida, procurava sempre ajudar as pessoas. Ele fez curso de Marketing e acredito que fosse seguir essa área", contou.
Renato Brahim era solteiro e tinha 29 anos. Administrador de empresas, trabalhava como representante comercial quando foi assassinado.
Nelsinho diz que é inocente
Você estava na Prainha quando o Renato Brahim foi assassinado?
Estava, porque eu moro na Prainha, meu pai é comerciante, tem um restaurante na região. Mas eu não matei ele, não estava nem sabendo disso, não tenho nada a ver com isso.
Você conhecia a vítima?
Por incrível que pareça, mesmo morando no mesmo bairro, eu não o conhecia.
Você já foi preso antes?
Já. Eu era viciado em crack, fui condenado porque matei o traficante que fornecia droga para mim, mas já paguei tudo o que devia à justiça e hoje estou recuperado. Cumpri quatro anos em regime fechado.
Vocês foram presos hoje em flagrante por receptação e porte de arma. Você assume esses crimes?
Não. A gente estava perto do carro, que estava com as portas abertas e com a chave na ignição. A arma estava dentro do carro. Os policiais viram a gente perto e deduziram que tínhamos alguma coisa a ver com o carro, mas o cara que estava com o carro mesmo correu na hora. Eu mostrei para os policiais, mas eles ignoraram o que eu disse e prenderam a gente, que não tinha nada a ver com a história.
Nelsinho já matou uma pessoa
Em 11 de agosto de 2005, Nelson Dannemann Gomes, o Nelsinho, então com 19 anos, assassinou o promotor de eventos Arthur Teixeira Moreira Neto, na casa da vítima, na Praia da Costa, em Vila Velha. Nelsinho deu marteladas na cabeça de Arthur e, depois, ainda usou um fio elétrico para enforcar o promotor de eventos.
O acusado fugiu do local e se escondeu em um hotel do município, onde acabou preso dois dias depois do crime, por policiais da Delegacia de Crimes Contra a Vida (DCCV) de Vila Velha. Vários objetos de Arthur chegaram a ser ensacolados pelo criminoso, mas não foram levados por Nelsinho, porque ele não conseguiu ligar o carro da vítima.
Na época, as investigações mostraram que Nelsinho já havia sido expulso da casa da família devido ao uso de drogas. Testemunhas informaram à polícia, que o acusado estaria morando na casa de Arthur havia apenas uma semana, antes de cometer o crime.
Na época, Nelsinho disse que matou Arthur depois que os dois teriam usado drogas e bebido. Em seguida Nelson foi para o Morro do Moreno, onde passou a noite. Pela manhã, hospedou-se no hotel, em Coqueiral de Itaparica, onde foi preso.
Fonte: CBN Vitória
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