ES- Guilhotina: Secretaria de Segurança 'corta' smartphones usados por policiais

27-03-2015 14:50
Recolhimento dos telefones afeta sobretudo a população, que se comunicava diretamente com as equipes policiais locais por celular
A política de corte de gastos do governador Paulo Hartung (PMDB) está afetando cada vez mais os serviços prestados à população e comprometendo a segurança das comunidades. Além do corte do combustível das viaturas, que já está em vigor, o secretário de Estado de Segurança Pública André Garcia determinou o recolhimento de 54% dos smartphones utilizados pelas equipes da Polícia Militar que atuam nos bairros. 
 
Os aparelhos eram destinados a policiais que faziam policiamento a pé, de bicicleta ou a cavalo e serviam para que os PMs acessassem o banco de dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) para verificar dados dos cidadãos. Os telefones complementavam o serviço das viaturas, que já são dotadas de computador de bordo. 
 
Os telefones foram adquiridos no ano de 2013, pelo ex-governador Renato Casagrande (PSB) para reforçar o aparato de segurança de policiais que fazem o serviço fora das viaturas. André Garcia também era o secretário na época e chegou a declarar para a imprensa que para que seja reduzida a violência é essencial que sejam contratados policiais e que seja feito investimento em tecnologia. 
 
Na época o secretário também declarou que o fato de os policiais estarem conectados e interligados à base e ao banco de dados proporcionaria mais agilidade à polícia, reduzindo a impunidade. O mesmo secretário que enalteceu o uso os aparelhos é o que determina a retirada deles de circulação. 
 
Além disso, o uso do smartphone aproximava as comunidades das equipes que faziam o policiamento em cada região. Os crimes ocorridos nos bairros poderiam ser reportados diretamente aos policiais que atuavam nas comunidades, desafogando, assim, a rede do Centro Integrado Operacional de Defesa Social (Ciodes). O corte de 54% de aparelhos e linhas dos smartphones equivale a cerca de 800 telefones. 
 
O confisco dos aparelhos atinge diretamente a população, que obrigatoriamente deverá ligar, a partir de agora, para o 190 do Ciodes. O problema é que também foram cortados 30 atendentes do Ciodes, o que equivale a seis profissionais a menos por turno. Por isso, um serviço que já era alvo constante de reclamações por parte da população por conta da demora no atendimento, pode ficar ainda mais lento, com a sobrecarga do serviço. 
 
A segurança pública e a redução da violência deveria ser área prioritária do atual governo, mas vem sendo negligenciada com medidas que pouco afetam as finanças do Estado. O plano telefônico dos aparelhos era baixo, com a possibilidade de substituição dos aparelhos uma vez ao ano. Por esse plano, as equipes de policiais se comunicavam entre si sem cobrança e sem a necessidade de utilização do rádio. O confisco dos smartphones, aliás, acaba por sobrecarregar os rádios de comunicação da PM. 
 
Segurança pública
 
O deputado estadual Amaro Neto (PPS), em discurso na Assembleia Legislativa na sessão desta quarta-feira (25), enfatizou os prejuízos gerados pelos cortes promovidos pelo Estado na segurança pública.   
 
O parlamentar citou como exemplo a situação precária das delegacias do interior. “Essas delegacias estão funcionando de forma precária. Não tem internet, material de escritório e combustível suficiente para as viaturas. Além disso, os profissionais estão desmotivados”, disse Amaro.
 
Ele também lembrou das condições das unidades prisionais, que estão superlotadas sem estrutura de trabalho, sem pasta de dente e até sem colchões para os detentos. “Precisamos estruturar melhor a nossa polícia, dar uma resposta ao cidadão e acabar com a bandidagem. O governo não pode se omitir a esses fatos”, concluiu o deputado. 
 
Fonte: seculodiario.com

 

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